Resenha: Curse of Chucky

Filme volta às origens, mas deixa a desejar.

 

Regular

Quando fiquei sabendo de que Chucky voltaria às telas, e ainda dentro das origens do terror que o consagrou, confesso que fiquei bastante empolgado. No entanto, o  conhecimento sobre o fato do filme ser lançado direto em DVD me deixou com o pé atrás. Geralmente, filmes deste tipo costumam não agradar muito. Mas vamos lá.

Em Curse of Chucky acompanhamos a jovem e paraplégica Nica que acaba de perder a mãe de forma misteriosa logo após a curiosa chegada do medonho boneco (enviado sem remetente). Logo em seguida, chega para o arranjo do funeral a autoritária irmã de Nica, Barbie (piada, talvez?). Com Barbie, vêm ainda sua filha, o marido, a babá e uma padre amigo da família. Ao mesmo tempo em que Barbie tenta convencer a irmã de vender a casa e ir morar com ela, sua pequena filha se afeiçoa de cara com o boneco, e não demora muito para coisas estranhas começarem a acontecer e recair sobre a menina. A partir disso não é preciso dizer que, pouco a pouco, os corpos começam a aparecer.

O mais legal do filme é notar o novo visual de Chucky, que deixou de lado a aparência grotesca dos filmes anteriores, adotando, novamente, uma inocente, mas, ainda assim, perturbadora. O boneco parece ter sido totalmente remodelado para a trama do filme. Mas não espere por explicações de como isso aconteceu até o final. Algo que funciona, porque acaba aguçando a curiosidade do espectador para saber como ele chegou até aquela casa e com aquele visual.

Os efeitos visuais merecem uma pequena atenção especial também, porque dão um toque mais "clean" sobre a nova fisionomia do boneco, deixando-o mais sombrio e diminuindo aquela diferença entre o animatrônico e o boneco estático, que ainda está lá. Atentem para os detalhes dos olhos e a boca quando Chucky se move. Contudo, como em toda a série, ainda existe aquele momento em que você sabe quando ele vai se mover, saindo o boneco utilizado para as cenas tranquilas e entrando o do assassino incorporado Charles Lee Ray em cenas de morte; coisa que sempre me incomodou em todos os filmes.

Se fosse apenas esse problema, no entanto, estaria tudo bem. Embora o filme mantenha a promessa de voltar às suas raízes que o consagrou na década de 80, Curse of Chucky comete sérios erros, ao ponto de oferecer sustos baratos ao som de um efeito sonoro que irrita toda vez que você sabe quando vai acontecer. E não, não há sustos. As personagens são mal trabalhadas e não cativam também. Nica não convence e sua autoafirmação de que pode tudo para com sua irmã chega irritar. Até a pequena sobrinha de Nica parece estar ali para encher linguiça, quando o que esperamos é que ela seja atormentada por Chucky após ter conquistado sua amizade, assim como Andy Barclay foi (nossa, tenho pena dele até hoje); e não é o que acontece.

É interessante de ver, porém, referências de personagens que passaram pela série e aos próprios filmes que o antecederam, o que manteve, assim, uma interessante conexão com as suas origens. Isso, para mim, foi bastante satisfatório, principalmente ao ver Chucky se referir a Andy nostalgicamente. O que não agrada é como isso é trabalhado no filme e posto como justificativa para os assassinatos de Chucky. Achei até imaturo do roteirista. Ao se tratar de um serial killer, realmente vale tudo? Quero dizer, ele é um serial killer! Nem precisaria de um motivo. Talvez funcionasse até melhor.

Enfim, o que esperar de Curse of Chucky então? Nostalgia e entretenimento descompromissado. Embora a promessa do terror seja boa, não vá esperando isso do filme, pois ele a desempenha um pouco de forma vergonhosa, com mortes nada criativas e que já até foram vistas anteriormente. Mas, nem tudo está perdido. Pode esperar por algumas surpresinhas. Além disso, é divertido ver Chucky de volta ao terror, com sua risada sádica e deixando de lado a comédia que o vulgarizou. Esperemos agora que o lançamento do Dvd seja promissor e que possa nos render um BOM reinício da série há tanto tempo prometido.